BIENAL DE CURITIBA

“Não está claro até que a noite caia” fica em cartaz até dia 18/03 no Museu Oscar Niemeyer

“Não está claro até que a noite caia” fica em cartaz até dia 18/03 no Museu Oscar Niemeyer

 

A mostra “Não está claro até que a noite caia”, da artista Juliana Stein, com curadoria de Agnaldo Farias, integra a “Bienal de Curitiba 2017”.

Na exposição a artista explora as questões sobre os processos de produção da imagem fotográfica e os processos de leitura envolvidos. As obras apresentam indagações como “existe uma imagem para cada palavra? Existe uma palavra para cada imagem?” Para a artista, “a fotografia tem este caráter de traço, de ter estado na frente do objeto e, apesar disto, de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta. A imagem fotográfica é o registro de algo, mas do quê?”.

Não está claro até que a noite caia

Arrisco, com a escrita deste texto, traçar um desenho sobre a produção dos trabalhos desta mostra. Mais precisamente sobre o lugar de onde creio partir e me enredar ao que digo aqui. Começo apontando para a sensação de que falharei e de que, como me parece, este é o risco inerente à escrita e à leitura. Sujeito-me ao risco desta escrita-desenho sob a perspectiva de que, numa frase pronunciada ou escrita, alguma coisa se estatela.

A fotografia tem este caráter de traço, de ter estado na frente do objeto e, apesar disto, de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta.

A imagem fotográfica é o registro de algo, mas do quê? Tomando um lugar em relação a esta nebulosa verdade de que algo esteve ali da fotografia, recorro ao que ali está disposto como estatuto de letra, traço unário da escrita e que aparece como um saber que não se sabe.

Mas que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?

Falar e querer dizer não são a mesma coisa. Nas minhas palavras há sempre mais do que quero dizer e sempre outra coisa. Acompanhar a noite das coisas, especialmente daquelas em que o sentido é um risco e não pode ser muito bem previsto pois está sempre mais além. Falamos para dizer a verdade, que não se diz toda porque as palavras faltam.

Não está claro até que a noite caia é uma tentativa de articular espaços da fotografia em torno do sentido opaco das coisas que escapam e que nos inscrevem mais do que podemos escrever sobre elas.
Temendo e desejando estar, eu mesma, numa posição não tão visível, ocupo-me aqui justamente destas coisas que só se entregam, só se esclarecem quando olhamos meio de lado.

Texto por Juliana Stein

Agnaldo Farias
Curador do MON Curator

Aproveite para conhecer um pouco mais sobre a exposição e as obras da artista Juliana Stein.